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Arte & manhas | A construção de sociedades mais justas

Por: Luís Bogo
08/05/2023 08:12
Banana nos olhos dos outros, não arde Banana nos olhos dos outros, não arde

Não houvesse a ganância, a força perversa da ganância, o planeta seria menos desigual e mais feliz. Abriríamos o jornal ou o noticiário da TV sem as imagens de guerra, de comunidades abandonadas por governos insensíveis ou de crianças à beira da morte por desnutrição.

Na última sexta-feira, 5 de maio, assisti a um vídeo da psicanalista Maria Homem no qual ela fez afirmações muito corretas sobre coisas que todos nós conhecemos, mas nem sempre verbalizamos. A principal delas é esta: – Os homens criaram as sociedades mais desiguais da natureza.

Talvez, algumas das minhas interpretações não sejam as mais corretas, pois sempre haverá ruídos entre emissor e receptor. Mas, pelo que entendi, haveria uma matriz edípica ou célula narcísica que nos leva sempre a responsabilizar o outro pelo nosso próprio fracasso ou, ainda pior, pensar que alguém quer o que eu tenho, mesmo quando nada tenho, e aí entra a questão dos fantasmas – e o fantasma da inveja talvez seja um dos maiores na história do homem.

Moscas, leões, cachorros e samambaias se reproduzem de forma harmoniosa e não se agridem quando encontram alimento, apenas o compartilham. O homem, por sua vez, faz questão de acumular, desde objetos comuns até tesouros, barras de ouro ou toneladas de bombas ou alimentos.

E, ao lado do fantasma da inveja há o ignorante fantasma de “comunismo”. Antes das últimas eleições, pessoas iletradas diziam que o Brasil se tornaria um país comunista, caso Lula ganhasse as eleições. Este “medo” já não deveria existir, pela história iniciada desde a criação do PT, quando eu ainda era office-boy na TV Cultura de São Paulo e estudante de jornalismo na Fundação Casper Libero.

A palavra comunismo, de acordo com a psicanalista citada anteriormente, traz a sensação (aos ignorantes) de que algumas coisas lhes serão retiradas. É uma assombração desenhada de forma injusta. Apenas como exemplo, as igrejas católicas e protestantes continuaram a funcionar na Rússia, mesmo depois da revolução bolchevique, em 1917.

Com esta pequena crônica, apenas quero dizer que socialismo e comunismo não são sinônimos de demônio. Da mesma forma, dança, pintura e arte também não são. Quem não quiser absorver novas ideias e se ativer a textos escritos há mais de 2 mil anos, estará preso a uma cova de ignorância.

Precisamos trabalhar de forma mais justa, onde o trabalho seja devidamente remunerado, seja ele braçal ou intelectual. A falta de respeito ao estudo de um projeto quando ele lhe é encomendado denota, pelo menos, falta de educação.

Infelizmente, este episódio tem sido recorrente para mim. Não se trata de uma queixa vazia, mas da constatação de que horas da minha vida foram efetivamente perdidas na elaboração de textos, revisões e projetos para terceiros que jamais se concretizaram. Porém, eu trabalhei e fiquei a ver navios.

Com raríssimas exceções, embora eu não seja um gênio, não escreverei mais nada a ninguém desde que receba alguma parcela antecipadamente, pois já gastei horas e neurônios em projetos alheios que nunca foram adiante. Àqueles a quem guardo confiança plena, posso contribuir de forma gratuita, mas estes são raros.

Mas àqueles que ousam usar da minha arte e talento para obterem lucro sem que eu obtenha a remuneração necessária, não darei nem mesmo uma banana.

A construção de sociedades mais justas passa pela valorização do cidadão, seja ele capaz de construir uma casa, concretar um piso, consertar uma privada ou escrever um texto para pedir doações a uma instituição de caridade.

Como se diz em Portugal, “para bom entendedor, pingo é letra!”

E só quero receber pelo que faço.


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